Kohut: legado permanece vivo mesmo após 44 anos
- abeppsorgbr
- 8 de out.
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No dia 8 de outubro de 1981, aos 68 anos, morria o psiquiatra e psicanalista Heinz Kohut, criador da escola psicanalítica da Psicologia do Self. Após 44 anos de sua morte, sua presença segue viva em cada estudo, em cada encontro clínico e em cada iniciativa que se inspira no pensamento que ele inaugurou. A ABEPPS (Associação Brasileira para o Estudo da Psicologia Psicanalítica do Self) é um dos espaços que mantém acesa essa chama, promovendo encontros, publicações e debates que reafirmam a relevância de sua obra.
Origem e formação
Nascido em 3 de maio de 1913 em Viena, Áustria, formou-se em medicina em 1938 e foi para os Estados Unidos em 1940, após ocupação nazista. Lá, fez residência em Neurologia e Psiquiatria na década de 40 na Universidade de Chicago, onde iniciou sua análise didática com Ruth Eisler.

Casou-se em 1948 e, em 1951, nasceu seu filho, Thomas Kohut. Concluiu sua formação em 1950 no Instituto de Psicanálise de Chicago, onde foi docente por 18 anos. Em 1953, apresentou um trabalho em colaboração com Philip Rubovits-Seitz, no qual insere a dimensão relacional na constituição do psiquismo humano, ao lado da dimensão pulsional.
A virada da empatia
Em 1959, publicou o artigo “Introspecção, Empatia e Psicanálise – Um Estudo da Relação entre Método de Observação e Teoria”, propondo que o método empático-introspectivo seria uma forma de imersão do analista na vida psicológica do paciente. Essa formulação abriu caminho para a sua proposta de uma Psicologia do Self.

A Psicologia do Self iniciou com a obra de Heinz Kohut. Ele observou que alguns pacientes não apresentavam as respostas esperadas com as interpretações clássicas formuladas, por mais corretas que estivessem. Muitos fatores contribuíram para tal observação, como a predominância de distúrbios fronteiriços e narcísicos de personalidade.
Kohut dedicou-se aos transtornos narcísicos de personalidade, percebendo uma falta de coesão do self desses pacientes. Para Kohut, Self é um fenômeno afetivo, produzido pelo vínculo interpessoal. É a relação amorosa que o pai e a mãe dispõem que “carrega” o filho com o “amor por si mesmo”, base da confiança e alegria de viver.
Obras e reconhecimentos
Em seu primeiro livro “Análise do Self” (1971), introduz o conceito de self-objetos (inicialmente com hífen), transferências narcísicas e internalização transmutadora; complementando suas ideias sobre ferida narcísica e fúria narcísica.

Tornou-se figura proeminente da psicanálise norte-americana e mundial, se tornando presidente da Associação Americana de Psicanálise no biênio 1964/65 e vice-presidente da Associação Internacional de Psicanálise no período de 1965 a 1973.
Últimos anos e legado
“Em 1981, em Berkeley, fez sua última apresentação pública, na qual voltou a enfatizar a importância da empatia”. No ano da morte de Kohut, seu filho Thomas edita e publica seu último texto: “Introspecção, Empatia e o Semi-Círculo da Saúde Mental” na comemoração do 50° aniversário do Instituto de Psicanálise de Chicago.
Kohut segue vivo dentro de seus seguidores, criando novas modalidades de pensar e tratar o ser humano. A ABEPPS tem como missão não apenas estudar e difundir a obra de Kohut, mas também renovar sua aplicação, conectando-a aos desafios contemporâneos. A cada congresso, curso ou grupo de estudo, reafirmamos que a Psicologia do Self não é apenas uma escola do passado, mas um campo vivo, em expansão, aberto à escuta e à transformação.






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