Há um ano, nos despedimos de Nahman Armony, psiquiatra, psicanalista e pensador cuja obra marcou os estudos sobre subjetividade, saúde mental e os desafios da contemporaneidade. Sua trajetória acadêmica e profissional, construída ao longo de décadas, deixa um legado de reflexões e contribuições indispensáveis para a compreensão da psicanálise e sua relação com o mundo moderno.
A Associação Brasileira para o Estudo da Psicologia Psicanalítica do Self presta esta homenagem a Nahman Armony, reconhecendo sua inestimável contribuição para o campo da psicanálise e sua capacidade de transformar a forma como compreendemos a mente humana e suas complexidades.

A trajetória de um pensador
Formado em Medicina pela Universidade do Brasil (atual UFRJ), Armony especializou-se em Psiquiatria e, ao longo de sua carreira, consolidou-se como referência na psicanálise. Foi filiado à ABEPPS, ao Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro (CPRJ), à Sociedade Psicanalítica Iracy Doyle (SPID) e à International Federation of Psychoanalytic Societies (IFPS). Além disso, doutorou-se em Comunicação pela Escola de Comunicação da UFRJ (ECO), evidenciando seu interesse em conectar diferentes áreas do conhecimento.
Atuou como professor em diversas instituições, como a PUC-Rio, a Universidade Santa Úrsula e a Estácio de Sá, formando e influenciando novas gerações de profissionais da psicanálise e da psiquiatria. Também é autor de livros como Borderline: uma outra normalidade (Revinter, 2010. 2ª ed. aumentada).
Contribuições para a Psicanálise
A obra de Nahman Armony é vasta e multifacetada, abrangendo livros, artigos e participações em eventos acadêmicos. Entre suas principais publicações, destacam-se:
Psicanálise: da interpretação à vivência compartilhada (1989)
Borderline: uma outra normalidade (1998, 2010)
O Homem Transicional: Para Além do Neurótico & Borderline (2013)
Seus escritos exploram temas como identidade, subjetividade pós-moderna e os desafios da psicanálise na contemporaneidade. Em O Homem Transicional, Armony propõe uma reflexão sobre a emergência de uma nova subjetividade, superando os modelos tradicionais da neurose e do borderline. Seu olhar clínico e teórico dialogava com pensadores como Freud, Winnicott, Foucault, Nietzsche, Bauman e Lipovetsky, ampliando o escopo da psicanálise para além dos limites clássicos.
Borderline e a Subjetividade Hipermoderna
Uma de suas contribuições mais relevantes foi o aprofundamento sobre o conceito de borderline como um paradigma da subjetividade hipermoderna. Diferente da repressão característica do neurótico freudiano, Armony destacava a clivagem e a "identificação dual-porosa" como marcas fundamentais do sujeito contemporâneo. Para ele, a hipermodernidade não substituiu a modernidade, mas a levou a seus extremos, resultando em novas configurações do sofrimento psíquico.
A teoria de Armony apresenta o borderline não apenas como um diagnóstico clínico, mas como um modelo de funcionamento psíquico que reflete as transformações sociais e culturais dos últimos séculos. Sua abordagem clínica propunha um olhar ético e integrador, valorizando o acolhimento e a construção de um espaço potencial para o desenvolvimento subjetivo.
Reflexões Sobre Relações Humanas
Além de sua produção acadêmica, Nahman Armony também refletiu sobre as dinâmicas das relações humanas, trazendo à tona temas como os desafios dos relacionamentos amorosos e os dilemas da convivência. Seus textos abordam desde a necessidade de aceitação das diferenças até os mecanismos inconscientes que regulam conflitos cotidianos. Sua visão sobre o amor, o desejo e a comunicação interpessoal continua relevante, oferecendo insights sobre como lidamos com afetos e incertezas na sociedade contemporânea.
Um Legado Vivo
Mesmo após sua partida, Nahman Armony permanece como uma referência essencial para a psicanálise. Seus livros, artigos e vídeos disponíveis na internet continuam a inspirar profissionais, estudantes e pesquisadores. Seu pensamento inovador e sua abordagem sensível à subjetividade humana deixam um legado que transcende o tempo e segue influenciando gerações.
>>> vídeos
📺 Separamos alguns vídeos com suas reflexões sobre afetos, repressão, saúde mental e criatividade. Vale a pena assistir!
▶ Afetos e Razão🔗 https://www.youtube.com/watch?v=u51eYWIz8XA&t=3s
▶ A repressão é a principal causa da neurose🔗 https://www.youtube.com/watch?v=xu7EHkeiTgw
▶ Saúde Mental no Século XXI🔗 https://www.youtube.com/watch?v=Hrd8NlgL4_Y
▶ Criatividade e Saúde na Pós-modernidade🔗 https://www.youtube.com/watch?v=Y26fnDtvwJU
▶ Rabiscos com Winnicott🔗 https://www.youtube.com/watch?v=ZTVoad-UoeE
>>> Produções bibliográficas
Bem-estar e Mal-estar do Homem Moderno e Pós-Moderno
Borderline: uma outra normalidade
Borderline, identificação e subjetividade pós-moderna
Borderline e espaço potencial winnicottiano
Countertransference: obstacle and instrument
Confrontando Winnicott com os azares da hipermodernidade
De Édipo a Narciso
Dinamismos em psicanálise
Neutralidade em Psicanálise
O Anverso e o Verso
O Homem Transicional - Para Além Do Neurótico & Borderline
O homem Transicional - subjetividades em transformação
O Self e o Ego
Passageiro do tempo
Posturas terapêuticas na prática clínica
Pensando em Torno do Sofista de Platão
Psicoanalisis: teoria o mito? Metáfora o concepto?
Psicanálise: da interpretação à vivência compartilhada
Transformações das relações amorosas na passagem do milênio
Um olhar ético atual produtor de antigos e contemporâneos processos de subjetivação
Van Gogh, anunciador de uma nova masculinidade
Winnicott: Seminários Cariocas
>>> Blog o Nahman
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